domingo, 31 de março de 2013

"THE FOLLOWING"



 


Edgar Allan Poe está sendo trazido para outras mídias e gerando tanto curiosidade em novos leitores. Não é novidade para ninguém que o escritor é símbolo, as obras de Poe compõem um universo riquíssimo, que vai desde a parte técnica à parte sentimental. Edgar é um dos grandes revolucionários que a literatura teve e possui como temática o extraordinário, a morte, o amor, a vingança, o desejo.


poe3A série de televisão “THE FOLLOWING” produzida pela FOX, estreou em janeiro nos EUA e em fevereiro no Brasil.

Ryan Hardy (Kevin Bacon) é um ex-agente do FBI que, há dez anos, conseguiu capturar o serial killer e professor de literatura Joe Carroll (James Purefoy). Preso em uma penitenciária e aguardando sua execução, Joe finalmente consegue fugir, deixando um violento rastro de sangue – ele é responsável pelo assassinato de 14 estudantes universitárias, e todas as mortes foram inspiradas nos trabalhos de Poe. Agora, Hardy é convocado como consultor pelo FBI, pois conhece a mente de Joe melhor do que ninguém. Enquanto participa da resolução do caso, que não segue padrão algum, os agentes descobrem que Joe arquitetou um plano muito maior do que eles esperavam, que envolve várias pessoas fissuradas com seu trabalho. Um culto.

Joe Carrol | Serial Killer

Joe Carrol é um sublime assassino. Carismático, ponderado, inteligente, estrategista e sedutor, conduz suas mortes como conduziria um romance. Professor especialista em Edgar Allan Poe, amante, pai, preso, sincero, leitor, apaixonado. Quais caminhos ele tomará e por quais motivações é sempre uma surpresa.

 

 

 

Ryan Hardy

Kevin Bacon é uma figura excêntrica, é tão medido e talentoso que foge da canastrice e dos clichês do gênero e seu personagem possui uma forte ligação com Joe Carro.






Trailer primeira temporada:




Fonte: http://literatortura.com

sábado, 23 de março de 2013

Anna Karenina (2012)



Na Rússia de 1874, Anna Karenina (Keira Knightley), jovem aristocrata casada com Karenin (Jude Law), um alto funcionário do governo, envolve-se com o Conde Vronsky (Aaron Taylor-Johnson), oficial da cavalaria filho da Condessa Vronsky (Olivia Williams), chocando a alta sociedade de São Petersburgo.
Um filme imaginativo e pontualmente fascinante que ilustra satisfatoriamente o escândalo social, a traição e o amor proibido. Deve ser visionado, não só pelos amantes do trabalho de Tolstoy, como pelos amantes de cinema em geral.



Astúcia de uma mulher



Ana Terra é um capítulo que faz parte da trilogia O tempo e o vento de Érico Veríssimo, neste episódio mostra-se a força, o vigor de uma mulher de 25 anos que está sempre na luta, para salvar seu filho e para defender-se dos problemas encontrados na época de 1777 a 1811, período em que ocorreram guerras e lutas para conquistar territórios, e foi a fase em que houve a fundação dos primeiros povoados.
Todos da família Terra, mulher, filha e filhos se submetem as ordens de Maneco Terra, ninguém ousava contrariá-lo, era ele quem sempre dava a primeira e a última palavra na estância, lugar que Ana Terra caracterizava por fim de mundo, no qual não havia relógio, calendário e nem sequer um caco de espelho, algo que desejava muito, pois as únicas vezes que conseguia se enxergar era quando via sua imagem refletida na água (2005, p. 9 - 10) “Deu alguns passos à frente, ajoelhou-se à beira do poço fundo, fez avançar o busto, baixou a cabeça e mirou-se no espelho da água. Foi como se estivesse enxergando outra pessoa: uma moça de olhos e cabelos pretos, rosto muito claro, lábios cheios e vermelhos.”, nessa situação vemos a necessidade de uma mulher vaidosa que apetece por conhecer-se, ver sua beleza, seus atrativos, seu corpo, enfim ver sua feminilidade, seu erotismo. Dentre os vários desejos de Ana estava a vontade de outra forma de viver, em lugares mais povoados, pois se sentia infeliz vivendo naquele mundo perdido que era a estância da família.
A vida de Ana Terra remetia-se a ajudar a mãe na cozinha, fazer a comida, cuidar dos animais, fazer a limpeza da casa, lavar a roupa, enfim as mulheres eram voltadas somente ao serviço doméstico, Maneco Terra (2005, p. 14) “dizia que mulher era para ficar em casa, pois moça solta dá o que falar”. As damas carregavam inúmeros afazeres, trabalhavam muito, sofriam muito por seus filhos, Ana chegou a afirmar em um dos partos que fez (2005, p. 83) “– É mulher. – E a seguir, sem amargor na voz quase sorrindo, exclamou: – Que Deus tenha piedade dela!”, desejando sorte e felicidade para que a criança não passasse o que ela passou na vida.
O rumo sem amor na vivência de Ana muda ao aparecer Pedro Missioneiro, ela se encanta pela música do índio e no desenrolar da história passam a ter um romance escondido. Os únicos momentos de felicidade foram os que ela passou ao lado dele, com quem se dá sua entrega corpórea, se embriagam de carinhos vivendo uma intensa relação (2005, p. 42)
Sentiu quando o corpo do índio desceu sobre o dela, soltou um gemido quando a mão dele lhe pousou num dos seios, e teve um arrepio quando essa mão lhe escorregou pelo ventre, entrou-lhe por debaixo da saia e subiu-lhe pelas coxas como uma grande aranha-caranguejeira. [...] seu corpo ia sempre que possível para Pedro, com quem continuava a encontrar-se à hora da sesta no mato da sanga.
Após a morte de Pedro, que era o seu único bem-estar, Ana se torna uma pessoa dura, nela passam a se destacar a rigidez e a sua força, vive somente para seu filho, para salvá-lo dos perigos se submete a circunstâncias terríveis, demostrando assim o amor materno e seu ardor.
Sua grandeza está diante do sofrimento, da vida e da morte. Em um dos momentos do episódio, Ana em defesa da família entrega-se aos horrores dos castelhanos que invadem a casa para saquear, com isso para salvar seu filho, sua cunhada e seu sobrinho, finge ser a única mulher da casa aos bandidos, os quais a torturam e a estupram várias vezes. Veríssimo destaca a forma com que ela lida emocionalmente à violência do estupro. Ana com determinação e com a ousadia de uma mulher que reúne braveza, pecado, culpa e angústia prova sua astucia, coragem, força e seu amor.
A opressão às mulheres é muito ressaltada por Veríssimo, onde eram submetidas a conformidade de servir e procriar, as quais se sujeitavam ao silêncio, não eram permitidos questionamentos e sim somente deviam acatar as ordens estabelecidas, eram como propriedade de seus maridos. No texto o autor destaca os valores, as qualidades femininas, a garra, a obstinação e a capacidade de resistência aos inúmeros obstáculos da época, vemos Ana além de dedicar-se a família, destaca-se por seu trabalho como parteira, está sempre na luta.
As mulheres conquistaram muitas coisas com o tempo, agora têm a possibilidade de decidir com autonomia, e ao passar dos anos esforçam-se cada vez mais para construir, desenvolver o papel que possuem no mundo, ocupando cada vez mais espaço em todas as áreas profissionais, desde trabalhos intelectuais a trabalhos braçais. Não esquecendo que além das funções profissionais elas desempenham atividades familiares, portanto devemos parabenizar as mulheres, que antes excluídas e incumbidas somente ao cuidado da casa e dos filhos superaram barreiras estabelecendo muitas conquistas.

Texto de: Andressa Dai Prai

Referências:

VERÍSSIMO, Érico. Ana terra. 3 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.