quarta-feira, 17 de abril de 2013

Filme inglês: "Ginger & Rosa"

http://cdn.theguardian.tv/brightcove/poster/2012/9/6/120906GingerRosa_6631381.jpgA adolescência ganha em Ginger & Rosa uma abordagem que sublinha ser esta a fase da vida em que tudo se torna urgente, colocando em perspectiva a efetiva possibilidade de cada dia ser mesmo o último. Este filme britânico reflete na amizade de duas meninas o temor da guerra nuclear que tencionou o mundo nos anos 1960.
É uma tensão pontual essa, ambientada em 1962, quando americanos e soviéticos mediram ameaças e arsenais diante da chamada crise dos mísseis em Cuba. No meio do caminho entre as duas superpotências, em Londres, Ginger (vivida pela encantadora Elle Fanning) acompanha pelo rádio as projeções catastróficas que estimam os milhões de mortos e a devastação iminente no mundo ocidental.
http://cdn.pastemagazine.com/www/articles/Ginger-and-rosa.jpeg?1363006255Ginger mostra grande abatimento diante dessa catástrofe, ao ponto de evitar a projeção de sua vida para o dia seguinte. Diferentemente dela, Rosa (Alice Englert, recentemente vista em Dezesseis Luas) segue plenamente disposta a tocar a sua sem maior abalo. As duas garotas nasceram lado a lado na maternidade, ao final da II Guerra, suas mães são grandes amigas, mas elas agora estão prestes a seguir caminhos opostos.
Rosa cresceu sem o pai, enquanto Ginger admira o seu (papel de Alessandro Nivola), um veterano de guerra agora engajado na militância pacifista e cujo espírito libertário provocará uma dolorosa decepção na filha e na mulher (Christina Hendricks, conhecida pelo seriado Mad Men) — num titubeante direcionamento melodramático que o filme ganha a horas tantas.
Em meio a esse capítulo emblemático da Guerra Fria, Ginger & Rosa capta com precisão um momento de transição que seria determinante no século 20: a ruptura geracional. As garotas, naquele ambiente embrionário da beatlemania, da Swinging London, da revolução sexual e do protesto como ferramenta de contestação, ainda tinham como modelos suas mães, donas de casa passivas e dependentes de seus maridos.
O rito de passagem que o filme particulariza nas duas meninas foi também o de uma geração que acendeu, naquele instante, o estopim para uma explosão de energia que, esta sim, viria a transformar radicalmente o mundo.



 




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